9 de janeiro de 2007

Assim como todos os outros começos.

Era o que ela precisava. Um canto para lamber as feridas que não paravam de sangrar. Precisava tirar os sapatos, que insistiam em apertar os pés. Precisava descansar, dormir em paz. Precisava cozinhar, colocar flores na mesa, esperar (em vão) alguém chegar e abrir a porta alegremente. Precisava escutar música alta, dançar em frente ao espelho, rir da sua própria cara.
Precisava ver o pouco que tinha conquistado, num quarto, numa sala, numa cozinha (mesmo que o que tenha conquistado não enchesse sequer metade de um quarto). Mas ela precisava disso.
Acabou encontrando um lugar onde podia descarregar as idéias excessivas, que chegavam atormentando sua mente. Achou um lugar onde ninguém precisava entender o modo confuso que sua mente funcionava. Ela só precisava desabafar suas idéias, palavras soltas na mente, sentimentos, em um lugar seguro.
Então ela chegou, tirou os sapatos, sentou na cadeira. Olhou ao seu redor.
Descobriu que tinha a bebida para matar sua vontade. Descobriu que tinha música, para acalmar seu nervosismo. Descobriu que tinha um teclado e uma porção de idéias para jogar num cantinho especial.
Agora, só era preciso começar a contar a história esquecida, das páginas do livro que você insiste em jogar fora.

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